Sunday, July 10, 2011

Anima

Fala a minha mulher
Interna
Aos meus sentimentos

Mas fala
Com a voz que me deu
Minha mãe

Conta um segredo
Um desejo de me ouvir cantar
Que me diz assim:

Sou sangue do teu sangue
Quando pulsa no peito
A paixão proibida
O amor e o ódio que sentes profundo,
Calado, cativo

Sou tua musa escondida
Tua bela perdida
Num fundo, num mundo qualquer
Que cantas,
Que chamas
Que juras
Mas enfim, não quer.

Sou tua costela roubada,
Tua morte antecipada
(teu segredo mais íntimo)
Sou podre, sou puta,
Sou bruxa, sou
Mulher

Sou tua filha perdida
Tua mãe escondida
Dos teus delitos cruéis
Sou madre, sou santa,
Sou um canto
Uma idéia
Um revés

Sou minha filha cativa
Minha voz perdida
Nos teus delírios cruéis
Sou maré, sou tantra
Sou o barro,
Sou alguém
Que não és

Sou tua filha, cativa
Numa torre, minha
- - - - - - - - - própria
- - - - - - - - - saída.
Numa mente, fechada
Numa dura, fachada
Numa palavra,
a trois
demência
amor.

4 comments:

The Light Son of Janus said...

Apenas a fim de registro, pensei também na seguinte idéia para os versos finais:

[cativa]
Num mar-palavra:
a
d
a

Mas achei que o neologismo seria pedante.

Sandra said...

Preferi do jeito que está. Mto lindo o poema. Vc é foda :)

Thiago Macek said...

Hah. Gosto da ideia do mar-palavra, mas considerando o restante do poema, acho que as 'palavras concretas' ficam melhores que a composição aí mesmo.

Não que ache pedante. Só acho que foge um pouco do tom do restante do poema.

"Ademais":

"Numa torre, minha
própria
saída.
Numa mente, fechada"

Gosto de como está modernando nessas! Depois gostaria de saber o pensamento que rolou por trás dessa ideia. Tenho chutes!

Tens escrito, carimbolas? To em crise... haha.

Falamos disso qq hora. Bjão

The Light Son of Janus said...

Nossa, quanto demoro para ler comentários!
Não deixarei mais este blogue às moscas, prometo.
Estou em crise tremenda!
Temos que marcar para falar dessas coisas.
Beijos