Saturday, June 25, 2011

Old Poems of the Light Son: Menina dos olhos

Onde estão as meninas
Azuis
Nos olhos dos céus afegãos
Reflexão da loucura
Da vaidade

Onde estão as jovens meninas
Dos olhos bombásticos
Estáticos
Bobos, vidrados
Nos vidros das selvas de vidros

E quando elas acordam
Do acorde dos sonhos
O que elas olham?
E quando dormem os olhos
O que eles sonham?

Onde estão os sorrisos
Dessa nação
Pudica nos campos de areia
Ao vento
Alheia ao mundo

Onde estão os jovens meninos
Da terra deserta, inerte
Lutando por suas mulheres férteis
Sozinhos
Combalidos, perdidos

E quando vem os soldados cruzados
A repetir no futuro o passado
O que eles vêem?
E quando vem os soldados armados
A repetir da justiça o passado
O que pensam?

Circa 2005

Old Poems of the Light Son: Compreender

Distingue o homem tolo a obra alheia
Como se alheia fosse de vontade,
Finita e morta de necessidade,
A alma, o engenho, a obra, estreita, anseia.

Mas se adentro, a arte pulsa a veia,
Saltando aos olhos sua intimidade,
Esta janela e espelho da verdade
Sustenta o ser já fundo de idéia.

Mutando a mente, o ser se muda junto
Do artista, de sua obra e dessa vida
Pois dentro e fora e adentro se transforma.

Entende-se na obra a própria forma
Transforma-a no seu íntimo movida
Confeccionando-a, nova, em novo mundo

Para a professora Maria Nazaré de Camargo P. Amaral
04 de setembro de 2006

Thursday, June 16, 2011

Análise de conjuntura

Modernidade:
Cada pessoa, um troféu
Cada troféu, uma sina
A cada dobra de um beco
canto escuro e poeirento o vazio
Desalmado e frio

Extermínio:
Corpo oco não pensa
Corpo oco não pesa
Corpo oco de empresa
Corpo oco de entrega
Corpo oco recheio de margarina sem gorduras trans pela metade do preço

Transubstanciação:
Máquina: a flora da terra
"Colhei seus frutos!
e comprai-vos nos mercados!"
Gente é pão, é vinho
Pão é ferro, madeira, couro
Vinho é gasolina, diesel
Oroboros

Tudo o que é sólido desmancha no ar:
Você é real
Você é o real
Vai ser o real
Mais ter o real
Mais ter que um Real
Meu deus é Real