Saturday, July 16, 2011

Manifesto

De que adianta a vida
Que se resume a sobrevida?

Vale o que?
Se o coração teimoso sem vontade bate
O cartão de ponto,
O apito do dia,
O pino da vida.

Espírito posto no horizonte,
Doce memória.
Alvorada dos povos, já ilusão
O dia já vai anoitecer
Melancolia

Em tudo bate o coração, ignaro.
Sangue de pó
E enquanto não descansa,
não traz descanso.
Só desgosto.
Esgoto.

Nada mais toca o pensamento,
nada mais entoca.
Em nenhum lugar ecoa
De nenhum lugar soa.

O mundo acabou,
Não há nada que não seja vilania e desespero

09/julho/2010

Sunday, July 10, 2011

Anima

Fala a minha mulher
Interna
Aos meus sentimentos

Mas fala
Com a voz que me deu
Minha mãe

Conta um segredo
Um desejo de me ouvir cantar
Que me diz assim:

Sou sangue do teu sangue
Quando pulsa no peito
A paixão proibida
O amor e o ódio que sentes profundo,
Calado, cativo

Sou tua musa escondida
Tua bela perdida
Num fundo, num mundo qualquer
Que cantas,
Que chamas
Que juras
Mas enfim, não quer.

Sou tua costela roubada,
Tua morte antecipada
(teu segredo mais íntimo)
Sou podre, sou puta,
Sou bruxa, sou
Mulher

Sou tua filha perdida
Tua mãe escondida
Dos teus delitos cruéis
Sou madre, sou santa,
Sou um canto
Uma idéia
Um revés

Sou minha filha cativa
Minha voz perdida
Nos teus delírios cruéis
Sou maré, sou tantra
Sou o barro,
Sou alguém
Que não és

Sou tua filha, cativa
Numa torre, minha
- - - - - - - - - própria
- - - - - - - - - saída.
Numa mente, fechada
Numa dura, fachada
Numa palavra,
a trois
demência
amor.